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Aranha que imita formigas é registrada viva pela primeira vez no Pará, em Paragominas

Descoberta confirma hipótese científica feita há mais de 20 anos e amplia distribuição geográfica da espécie Tapixaua callida

Um registro inédito realizado em uma trilha no município de Paragominas, no sudeste do Pará, resultou na primeira observação ao vivo da aranha Tapixaua callida, espécie descrita no ano 2000 com base apenas em exemplares preservados em coleções científicas. O achado foi feito pelo biólogo César Favacho, em um encontro fortuito com o animal enquanto aguardava o conserto de um veículo.

A espécie foi originalmente classificada pelo aracnólogo Alexandre Bonaldo, do Museu Paraense Emílio Goeldi, e chamou atenção por apresentar um tufo de cerdas no primeiro par de pernas — uma característica rara entre aranhas. A estrutura, segundo Bonaldo, poderia representar uma forma de mimetismo, em que o animal imita a cabeça de uma formiga para evitar predadores. A hipótese, contudo, não havia sido comprovada por falta de registros do comportamento em exemplares vivos.

As imagens obtidas por Favacho confirmaram o comportamento previsto: a aranha se move lentamente, levanta as pernas dianteiras e realiza movimentos que simulam as antenas de uma formiga, enquanto os tufos de pelos permanecem estáticos, reforçando a ilusão óptica. Esse tipo de estratégia é conhecido como mimetismo Deelemaniano, conceito cunhado em referência à aracnóloga Christa Deeleman-Reinhold, que observou fenômeno similar em espécie asiática nos anos 1990.

A Tapixaua callida pertence à família Corinnidae, assim como outras aranhas que desenvolvem estratégias evolutivas semelhantes. Segundo os pesquisadores, o mimetismo teria como função principal a proteção contra predadores, já que formigas possuem defesas como mandíbulas fortes, ferrões e secreções ácidas, sendo evitadas por diversos animais.

Além do registro comportamental inédito, o artigo publicado por Favacho, Cláudia Xavier e colaboradores também amplia a distribuição geográfica da espécie, com ocorrências confirmadas em novas regiões do Brasil e do Peru, além de registros inéditos na Colômbia e na Bolívia. Os autores também publicaram um mapa atualizado com todas as localizações confirmadas da Tapixaua callida.

De acordo com os cientistas, embora a espécie possua glândulas de veneno, sua peçonha é inofensiva para seres humanos, sendo utilizada apenas para capturar presas, como pequenos insetos e outras aranhas. A Tapixaua ainda não possui nome popular, e os pesquisadores se mostram abertos a sugestões.

Vídeo sem som

Favacho descreve a experiência de encontrar a espécie pela primeira vez como “uma sensação única”. “Na época, eu nem sabia o que estava vendo. Só percebi a importância depois. No segundo encontro, já tinha consciência do valor daquele registro”, afirmou o pesquisador.

Por Célia Santos , com informações de Terra da Gente, para Notícias Diárias

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